Técnicas de Física Computacional

Cordas Vibrantes-Demos, métodos de resolução, corda com massa

Jorge Martins nº 48165 turma 07201   jlrmartins@hotmail.com
Nuno Ribeiro nº 48174 turma 07201   nunoclix@hotmail.com

Instituto Superior Técnico

Resolução da equação de onda  para uma corda vibrante

Resumo

Neste trabalho foram abordados vários casos que envolvem a resolução da equação de onda para uma corda vibrante.

Foi deduzida a equação que governa o movimento de uma corda para pequenas oscilações.

No exemplo 1 foi dada uma solução geral para a propagação de uma onda com qualquer forma inicial, tendo sido obtidas duas funções genéricas que dependem apenas das condições iniciais. Deu-se de seguida uma função particular onde foi explorado o seu comportamento a nível temporal.  Para se obterem as reflexões em relação às extremidades da corda utilizou-se o método das imagens.

No 2º exemplo resolveu-se a equação de onda utilizando o método de separação de variáveis e as condições fronteira (corda fixa nos extremos). Utilizaram-se as séries de Fourier para exprimir as condições iniciais e fez-se uma animação para as mesmas. Fez-se também a representação de algumas das harmónicas que constituem o movimento da corda.

No exemplo 3 foi explora uma abordagem que consiste em representar a cora por várias massas igualmente espaçadas entre si. Fez-se então uma adaptação da equação de onda ao problema e obteve-se a solução para n massas obtendo-se uma representação animada do movimento das massas.

Explanação de Teoria

Para uma corda filiforme fixa nos extremos de comprimento L as componentes das forças são dadas por:

[Graphics:Images/mono_gr_1.gif]

em que [Graphics:Images/mono_gr_2.gif]é o ângulo que a corda faz com a horizontal no ponto A, [Graphics:Images/mono_gr_3.gif]é o ângulo que a corda faz com a horizontal no ponto B e T é a tensão na corda

expandindo em série de Taylor no ponto A

[Graphics:Images/mono_gr_4.gif]

e utilizando a Lei de Newton

[Graphics:Images/mono_gr_5.gif]

em que m=μ d x

substituindo-se obtem-se

[Graphics:Images/mono_gr_6.gif]

Fazendo v=[Graphics:Images/mono_gr_7.gif]em que v é a velocidade de propagação das ondas na corda, T é a tensão da corda  e μ  é a sua densidade linear )  obtém-se

[Graphics:Images/mono_gr_8.gif]

que é a equaçõa de onda

Exemplo 1 - propagação de uma perturbação numa corda

Teoria

A solução geral da equação das ondas é dada por:

[Graphics:Images/mono_gr_9.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_10.gif]
que se pode também exprimir da seguinte forma

[Graphics:Images/mono_gr_11.gif]

As funções f e g são determinadas pela constantes iniciais:

[Graphics:Images/mono_gr_12.gif]

e fazendo t=0 na resolução da equação obtém-se

[Graphics:Images/mono_gr_13.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_14.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_15.gif]
Resolvendo em ordem a f [x] e g[x] tem-se que:

[Graphics:Images/mono_gr_16.gif]

Como a função tem que ser contínua e na forma f[x-v t]+g[x+vt] pode-se deduzir que

[Graphics:Images/mono_gr_17.gif]

e sendo z[x,t] combinação linear de f e g a constante c pode-se eliminar obtendo

[Graphics:Images/mono_gr_18.gif]

Exemplo

Para uma forma inicial da corda dada por:

[Graphics:Images/mono_gr_19.gif]

(em que s é um desvio inicial em relação ao centro da corda, a é abertura da perturbação e b a altura da perturbação inicial)  a solução da equação das ondas é

[Graphics:Images/mono_gr_20.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_21.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_22.gif]

Para representar a propagação da onda é necessário ter em conta que z[0, t] e z[L, t] sejam 0. Assim teremos que defenir mais funções de modo a que simulem a reflexão da corda nas extremidades com o seguinte aspecto

[Graphics:Images/mono_gr_23.gif]

com os valores numéricos de

[Graphics:Images/mono_gr_24.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_25.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_26.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_27.gif]
Fazendo animação da perturbação obten-se

[Graphics:Images/mono_gr_28.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_29.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_30.gif]

Exemplo 2 - corda fixa nas extremidades

Vamos considerar o caso de uma corda fixa nas extermidades, portanto as condições fronteira são as seguintes:

[Graphics:Images/mono_gr_31.gif]

As condições iniciais são:

[Graphics:Images/mono_gr_32.gif]

Método da separação de variáveis

Vamos aplicar o método de separação de variáveis e considerar uma solução do tipo

[Graphics:Images/mono_gr_33.gif]

substituindo na equação das ondas obtemos

[Graphics:Images/mono_gr_34.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_35.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_36.gif]
em que o lado esquerdo é só função de t e o lado direito é só função de x portanto só pode ser igual a uma constante [Graphics:Images/mono_gr_37.gif].

Resolvendo as equações

[Graphics:Images/mono_gr_38.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_39.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_40.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_41.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_42.gif]
alterando as constantes
[Graphics:Images/mono_gr_43.gif]

condições fronteira

Aplicando as condições fronteira  z [0, t] = z [L, t] = 0
[Graphics:Images/mono_gr_44.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_45.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_46.gif]
A equação

[Graphics:Images/mono_gr_47.gif]

tem como soluções

[Graphics:Images/mono_gr_48.gif]

para não dar soluções triviais

Substituindo em z[x,t] a solução fica da forma

[Graphics:Images/mono_gr_49.gif]
Como há n soluções diferentes podem-se formar combinações lineares destas sendo [Graphics:Images/mono_gr_50.gif][Graphics:Images/mono_gr_51.gif] as constantes correspondentes a cada frequência[Graphics:Images/mono_gr_52.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_53.gif]

condições iniciais

Aplicando as condições iniciais vamos obter soluções da forma
[Graphics:Images/mono_gr_54.gif]
em que [Graphics:Images/mono_gr_55.gif] é a forma inicial da corda
[Graphics:Images/mono_gr_56.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_57.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_58.gif]
em que [Graphics:Images/mono_gr_59.gif] é a velocidade inicial da corda

Como há n soluções diferentes podem-se formar combinações lineares destas sendo [Graphics:Images/mono_gr_60.gif][Graphics:Images/mono_gr_61.gif] as constantes correspondentes a cada frequência[Graphics:Images/mono_gr_62.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_63.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_64.gif]
e aplicando a técnica de Fourier determinamos [Graphics:Images/mono_gr_65.gif][Graphics:Images/mono_gr_66.gif]  como sendo

[Graphics:Images/mono_gr_67.gif]

Exemplo

[Graphics:Images/mono_gr_68.gif]

Para uma corda com velocidade inicial igual a 0 e a seguite forma inicial

[Graphics:Images/mono_gr_69.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_70.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_71.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_72.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_73.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_74.gif]
Para esta forna [Graphics:Images/mono_gr_75.gif][Graphics:Images/mono_gr_76.gif] vão ser
[Graphics:Images/mono_gr_77.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_78.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_79.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_80.gif]
substituindo na equação  e fazendo o n ir até 10 obtemos a aproximação

[Graphics:Images/mono_gr_81.gif]

obtendo a seguinte animação

[Graphics:Images/mono_gr_82.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_83.gif]

Expandindo a solução otemos a soma de várias harmónicas

[Graphics:Images/mono_gr_84.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_85.gif]
onde as componentes com n par são iguais a zero.

Algumas das suas harmónicas são:

n=1

[Graphics:Images/mono_gr_86.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_87.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_88.gif]

n=3

[Graphics:Images/mono_gr_89.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_90.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_91.gif]

n=5

[Graphics:Images/mono_gr_92.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_93.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_94.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_95.gif]

Exemplo 3 - corda com massas

inicializações

[Graphics:Images/mono_gr_96.gif]

Teoria

Para uma corda com N massas igualmente espaçadas por uma distância d e comprimento L = (N+1) d, e com força atractiva entre partículas adjacentes T as componentes das forças são dadas por:

[Graphics:Images/mono_gr_97.gif]

em que [Graphics:Images/mono_gr_98.gif] é o ângulo que o fio que liga a massa j à massa j+1 faz com a horizontal, [Graphics:Images/mono_gr_99.gif] é o deslocamento vertical da massa j em relação ao ponto de equilíbrio.

A equação do movimento vai ser então dada por [Graphics:Images/mono_gr_100.gif]=[Graphics:Images/mono_gr_101.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_102.gif]

que representa a equação de onda .

Fazendo [Graphics:Images/mono_gr_103.gif][Graphics:Images/mono_gr_104.gif]obtemos

[Graphics:Images/mono_gr_105.gif]

Obtendo então N equações diferenciais, uma para cada j e em que as condições fronteira são [Graphics:Images/mono_gr_106.gif]=0 e [Graphics:Images/mono_gr_107.gif]=0

Para N=1 e com velocidade inicial igual a zero obtemos

[Graphics:Images/mono_gr_108.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_109.gif]
Para N=2 e com velocidade inicial igual a zero obtemos
[Graphics:Images/mono_gr_110.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_111.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_112.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_113.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_114.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_115.gif]
Para cada modo próprio obtemos então sempre soluções da forma [Graphics:Images/mono_gr_116.gif]Cos[ω t]

Para obtermos as frequências dos vários modos considerando a velocidade inicial 0

[Graphics:Images/mono_gr_117.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_118.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_119.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_120.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_121.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_122.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_123.gif]
Onde se pode eliminar Cos[t ω], resultando

[Graphics:Images/mono_gr_124.gif]

Obtendo então n equações

[Graphics:Images/mono_gr_125.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_126.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_127.gif]
que é equivalente ao sistema seguinte
[Graphics:Images/mono_gr_128.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_129.gif]
Para dar uma solução não trivial, o deterninante da matriz dos coeficientes tem de ser 0
[Graphics:Images/mono_gr_130.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_131.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_132.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_133.gif]
note-se que as frequências têm apenas valores positivos pelo que desprezamos os valores negativos

Exemplo

Fazendo uma animação de um sistema com n massas obtemos uma combinação linear dos modos próprios.

[Graphics:Images/mono_gr_134.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_135.gif]
Substituindo as condições iniciais na solução da equação e aplicando as condições fronteira obtém-se:
[Graphics:Images/mono_gr_136.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_137.gif]
[Graphics:Images/mono_gr_138.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_139.gif]

[Graphics:Images/mono_gr_140.gif]

Conclusões

Na explanação da teoria foram efectuadas várias aproximações entre as quais o facto da corda ser unidimensional, estar em equilíbrio segundo o eixo horizontal, o seu deslocamento ser pequeno de modo que não altere significativamente a tensão e a gravidade seja pequena em relação à tensão.

No exemplo 1 resolveu-se a equação de onda par uma perturbação inicial dada pela função [Graphics:Images/mono_gr_141.gif] e velocidade vinit[x] que podem ser alteradas para uma função arbitrtrária. Para se observar as reflecções nas extremidades efectuou-se o método das imagens que consiste em utlizar uma função no intervalo [-3L,-L] que é a reflecção da forma da corda em relação ao eixo vertical no ponto x=0 de modo que anule a forma da corda e quando a perturbação chegue a x=0 seja substituida por uma que provem desta reflexão. Faz-se outra ainda para o intervalo [L,3L] pelas mesmas razôes. Analogamente fazem-se funções para anular estas reflecções nos intervlos [-5L,-3L] e [3L,5L].

No exemplo 2 resolveu-se a equação de um modo geral até se imporem as condições iniciais. Calcularam-se as constantes [Graphics:Images/mono_gr_142.gif][Graphics:Images/mono_gr_143.gif]fazendo o integral e considerando uma função ímpar de z inicial no intervalo [-L,0]. No caso de [Graphics:Images/mono_gr_144.gif] se não existir velocidade inicial  (é o caso utlizado) o integral que o define será 0. Para [Graphics:Images/mono_gr_145.gif] note-se ainda que as harmónicas pares são 0. Aproximou-se a forma inicial do fio por uma série de Fourier com número de parcelas igual a 10. Pensamos ser uma boa aproximação visto a forma inicial se parecer com a série e o facto da amplitude das harmónicas decrescer rapidamente. Isto pode verificar-se nos modos próprios am animação acima. Pode-se, no entanto, ter uma maior a precisão da aproximação aumentando o número de termos da série de Fourier, o que causará um aumento significativo do tempo de cálculo.

No 3º exemplo começou-se por adaptar a equação de onda ao problema visto haver n massas pendentes nesta. Considerou-se uma equação para cada massa e resolveu-se o sistema para n=1 e n=2 e neste último caso verificou-se que a solução complexa origina duas soluções reais iguais. Verificou-se ainda que para n massas há n modos próprios e que a solução de cada massa é combinação linear dos modos próprios. Ao determinar os modos próprios verifica-se que resultam frequências simétricas em pares e tanto as frequências positivas como as negativas definem o modo próprio. No entanto, em termos físicos desprezamos as negativas. Foram definidas as constantes multiplicativas [Graphics:Images/mono_gr_146.gif]de cada uma das frequências próprias em que i é o número da massa e j é o número da frequência. Se se quiserem um número de massas maior do que 4 é necessário definir novas constantes e seus valores. Podem ser representados os modos próprios do problema com as condições iniciais adequadas.
Pode-se  estabelecer uma analogia entre este exemplo e o caso dos osciladores acoplados visto as equações serem semelhantes visto cada massa depender também das suas vizinhas e as equações diferenciais serem da mesma forma. Isto origina tanto modos próprios como soluções semelhntes. A experiências pode complementar o exemplo 3 visto ser bastante mais fácil de realizar fisicamente.

Poderiam-se também fazer mais exemplos como por exemplo a corda com os extremos a vibrar sinusoidalmente mas devido ao pouco tempo disponível não foi possível efectuá-los.

Referências e Bibliografia

"Mathematical Analysis of Physical Problems", Philip R. Wallace

"From Calculus to Chaos", David Acheson

"Teoria Elementar de Equações Diferenciais", Luís T. Magalhâes


Converted by Mathematica      July 18, 2001