Referenciais e Rotação

Transformação das coordenadas de posição

O movimento dum ponto material depende do observador e do seu próprio estado de movimento. Em geral, dados dois sistemas de referência, = {O, e x , e y , e z } e  ′ = { O , e x , e y , e z }, que se deslocam e rodam um em relação ao outro (i.e. as direcções de referência não permanecem paralelas), a transformação de coordenadas cartesianas dum vector r do referencial para o referencial , cuja origem é sempre dada por R O   , é

r = M · ( r R O )

onde M é a transformação linear determinada, no sistema S, pela matriz

M = | e x · e x e x · e y e x · e z e y · e x e y · e y e y · e z e z · e x e z · e y e z · e z |

Por exemplo, para os sistemas e  ′ , com este último rodado em torno do eixo e z e z de por um ângulo φ , como indicado na figura, obtemos

M = |   cos ( φ ) cos ( π 2 - φ ) 0 cos ( π 2 + φ )    cos ( φ ) 0      0      0 1 | = |   cos ( φ ) sin ( φ ) 0 - sin ( φ ) cos ( φ ) 0     0     0 1 |

Pela sua construção, M é uma matriz ortogonal, i.e. M T M  ≡  M M T 1 . Uma matriz destas possui valores próprios de módulo unidade (porque as rotações e reflexões preservam comprimentos), e um deles tem que ser real, λ=±1 (porque a equação dos valores próprios é cúbica). O sinal depende de existirem, (−) , ou não, (+), reflexões incluídas em M. A direcção dum vector próprio n correspondente ao valor próprio real λ=+1 é invariante para a transformação ortogonal n = M· n = n e define assim o eixo de rotação da transformação.
Por outro lado, se os produtos e i · e j =cos( θ ij ) variarem no tempo, M também é variável no tempo, mas t (M M T )0 . Daqui se vê que, fazendo W= M t M T ,

W + W T = M t   M T + M   M T t = 0

Propriedades Gerais

Uma matriz que verifique W = W T diz-se anti-simétrica e tem a forma

W = | 0 c b c 0 a b a 0 |

Em três dimensões existe sempre um vector ω = { ω 1 , ω 2 , ω 3 } = { a , b , c } associado matriz anti-simétrica W, tal que, para qualquer vector b :

W · b = ω × b

Por simetria se vê que, fazendo W M W MT , também W = − WT e portanto

W · b = M W M T · b = M · ( ω × ( M T · b ) ) = ( M · ω ) × b = ω × b

porque a matriz ortogonal M verifica M · ( a × c ) = ( M · a ) × ( M · c ) .

Transformação da Velocidade

No caso da matriz anti-simétrica W = M t M T , a associação com o vector ω traduz–se na identificação ω ω = M · ω (porque M· ω n = ω n =ω n ), onde ω é a velocidade angular (de rotação das direcções de referência) de S em S .

Note que, como M é ortogonal, M T M 1 e assim ( r R O )= M T · r e portanto

v = r t = M · ( v V O ) + M t · ( r R O ) = M · ( v V O ) + M t M T · r M · ( v V O ) + W · r

ou seja

v = M · ( v V O ) ω × r

Transformação da Aceleração

Pode-se agora calcular o que será a aceleração a = v t :

a = M · ( a A O ) + M t · ( v V O ) ω × v ω t × r

Substituindo nesta expressão ( v - V O ) = M T ·( v + ω × r ) e relembrandro que W= M t   M T e que ω ω ,

a = M · ( a A O ) ω × ( v + ω × r ) ω × v ω t × r

a = M · ( a A O ) ω × ( ω × r ) ω × v ω t × r

NB: ω t = t (M· ω ) = M t · ω +M· ω t = ω × ω +M· ω t M· ω t .

Além disso, uma matriz ortogonal M verifica M· ( a × b ) = ( M· a ) × ( M· b ) (as transformações ortogonais preservam os ângulos entre vectores e as normas destes). Assim a expressão para a pode ainda escrever–se, designando por α = ω t a aceleração angular de  ′ em , e fazendo ω t = M· ω t = M· α :

a = M · ( a A O ) −  ω × ( ω × r ) −  ω × v −  M · ( α × ( r R O ) ) Relativa Centrífuga Coriolis Euler


© Amaro Rica da Silva, Prof. Dep. Física-IST with Mathematica  (September 20, 2005) Valid XHTML 1.1!